Como o Bruno comentou aqui, tive a oportunidade de conhecer Cuba nas minhas férias e é claro que não poderia deixar de trazer algumas observações sobre o esporte no país que é uma das potências olímpicas.
Antes de falar sobre o que vi, acho importante falar sobre como está estruturado o esporte no país.
Como a maior parte dos setores em Cuba, o esporte também sofre com o isolamento da ilha; era (e em alguns casos ainda é) complicado participar de algumas competições no exterior, as viagens e os equipamentos são mais caros e os atletas tem dificuldades com a alimentação.
Por isso, é importante deixar claro que o sucesso de Cuba nos esportes não vem do investimento financeiro, mas fundamentalmente da forma como o esporte está estruturado.
O INDER (Instituto Nacional de Esportes, Educação Física e Recreação), criado em 1961 pelo governo de Fidel Castro, é a base do esporte no país e tem a função de garantir o acesso da população à educação física e consequentemente a massificação o esporte no país. Ou seja, na ilha o esporte está diretamente ligado à educação, o que ajuda na criação de uma cultura esportiva desde cedo. Para se ter uma ideia, 45% da população pratica algum tipo de esporte atualmente.
Com este modelo, Fidel reverteu o desempenho pífio do país nos esportes. De 13 medalhas antes da Revolução de 1959 para 158 medalhas em 45 anos. Números que, convenhamos, jogam muito a favor da revolução.
O INDER tem uma estrutura de alto rendimento dividida em cinco estágios (da base para o topo): escolas normais, escola de iniciação esportiva escolar, escola superior de aperfeiçoamento atlético, academia e o centro de alto rendimento esportivo (são dois no país, Cerro Pelado e Girargo Córdova Cardín).
No primeiro estágios, os olheiros buscam pelo novos talentos nas mais diferentes modalidades (e as competições também ajudam nesse processo); no segundo, as crianças são trabalhadas com foco maior em um esporte específico, aumentando o níveis de exigência e inserindo-as nas competições.
Já no terceiro estágio, os jovens são encaminhados para a escola superior de aperfeiçoamento atlético para que possam entrar para as Academias (quarto estágio) onde começam o treinamento de alto nível de fato. Daí sai a elite do esporte cubano, que vai para os Centros de Alto Rendimento Esportivo - que, na minha opinião, deveria ser o modelo para alguns esportes aqui no Brasil.
Infelizmente não consegui visitar o centro de treinamento de alto rendimento de Cerro Pelado, por isso não posso fazer observações mais detalhadas sobre o esporte de alto nível, mas no que diz respeito a execução deste modelo nas bases, ou seja, com as crianças nas diversas escolas do país, o governo cubano parece estar realizando um excelente trabalho.
O que hoje já é nostalgia para alguns aqui no Brasil, lá é uma realidade. Se aqui não vemos mais tantos garotos jogando bola descalços pelas ruas, lá as crianças (meninos e meninas) estão praticando alguma atividade física nas ruas e praças de Habana. Taco (já que Beisebol é o primeiro esporte no país), futebol, corrida e por aí vai.
Enfim, é mais que o esporte pelo esporte. Lá eles entenderam muito bem o valor da atividade física no desenvolvimento humano.
Como eu disse anteriormente, Cuba é um exemplo de organização no esporte. Um modelo consistente e forte que independe de investimentos financeiros muito altos. Sem dúvida alguma, um exemplo para o Brasil em algumas modalidades.
10 de junho de 2009
O esporte na terra de Fidel
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