30 de junho de 2009

Muricy | Um estranho campeão no ninho


As demissões de Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo foram um prato cheio para a imprensa esportiva. Já havíamos comentado aqui os movimentos dos torcedores e as diferentes posturas das diretorias.

Na ocasião, o Palmeiras ainda tinha Luxemburgo no comando do time e o Sâo Paulo buscava um novo comandante. Hoje, Muricy pode pular o muro e ir para o rival Palmeiras (se não for para o Inter-RS), Luxemburgo está soltando o verbo em seu twitter e Ricardo Gomes assumiu o tricolor paulista.

Fiquei me questionando sobre o papel de cada um deles nas equipes. Luxemburgo é “marketeiro nato”, tem um currículo invejável e há algum tempo está falando mais do que fazendo. Quer ser “manager”, mas não se encaixa com a política de alguns clubes, que ainda estão na hierarquia vertical.

Vanderlei se modernizou, continua sendo um técnico de ponta, mas como toda empresa depende de um “produto bom”, o que não teve este ano com o Palmeiras.

Já Muricy é um caso a parte. Rabugento, trabalhador e muito simples. Apesar de não ser marketeiro, se vende sem falar nada, os resultados falam por si.

Sua demissão dividiu arquibancada e numeradas do Morumbi. Enquanto a turma de cima pedia, gritava e organizava manifestações pela sua permanência, os ligados a diretoria pediam sua cabeça e como neste choque de forças “pode mais quem tem mais”, ele caiu.

Se os clubes fossem realmente empresas teriam duas opções: um estrategista nato com um currículo com passagens por multinacionais e um pacato trabalhador sem holofotes que há 3 anos supera as metas de venda e é líder de share de mercado.

Muricy não se dava com parte da diretoria pois não freqüentava restaurantes chiques e nem usava roupas de marca. Apesar dos extraordinários resultados, foi mandado embora por uma eliminação já esperada.

“Um estranho no ninho”. É assim que podemos resumir o sentimento do técnico no meio de alguns diretores (apaixonados e amadores) do São Paulo F. C. Mas não podemos esquecer que esse “estranho” é um campeão e dos bons...

*Confiram aqui a sensacional entrevista de José Trajano com o ex-técnico do tricolor aqui.

2 comentários:

Dida disse...

Só não concordo muito com relação ao Luxemburgo. De fato, ele continua sendo um técnico de ponta, mas, ao meu ver, essa imagem se sustenta mais pelo seus histórico do que pelas recentes conquistas...

Luxemburgo sempre conseguiu vender muito bem seu peixe, o problema é que já faz algum tempo (não é só de hoje no Palmeiras) que ele não entrega. E o fato dele não ter tido um time a altura este ano é um pouco controverso, uma vez que essa é uma realidade para muitos clubes.

Outro ponto é que o "seu" projeto que ele tantas vezes falou (de novo, Luxemburgo e seu lado vendedor) não passava de uma jogada de marketing. Não estou dizendo que o Palmeiras não tem um projeto, mas eu acho que é algo maior que o Luxemburgo, tocado a quatro mãos mesmo, e ele não estava tendo o desempenho esperado no projeto palmeirense, também por isso saiu.

A demissão de Muricy, e a polêmica toda que gerou, sinaliza pra novos comportamentos entre diretorias e torcedores. Agora, mais do que nunca, vender o peixe vai dando cada vez mais espaço para os resultados...o óbvio do óbvio.

Marcello De Vico disse...

Espero que seja o Muricy mesmo. Caso contrário, era melhor ter ficado com o Luxa mesmo (apesar de achar que ele não é mais o mesmo de antigamente), que aliás ninguém sabe até agora porque foi demitido. Aquela história de "quebra de hierarquia" não engana ninguém. Com certeza teve mais coisa por trás disso... A atitude do Luxemburgo em relação ao "Pipo K9" foi totalmente correta. O Muricy e qualquer outro técnico de nível fariam a mesma coisa.