23 de junho de 2008

A marca do Imperador

No último sábado (21/06/08), Adriano se despediu do São Paulo. Mesmo sem entrar em campo, o Imperador passou o sábado com os demais jogadores e a comissão técnica. Almoçou, ouviu a preleção de Muricy e foi no ônibus do tricolor para o Morumbi.

Antes do início da partida, entrou em campo com o presidente Juvenal Juvêncio e os dirigentes João Paulo de Jesus Lopes e Carlos Augusto Barros e recebeu algumas lembranças; um pôster quase do seu tamanho com a camisa da seleção com os dizeres "O Imperador do Morumbi", uma placa de prata e uma camisa com o número 10 em algarismo romano (X) e o nome Imperador nas costas.


O atacante tinha contrato até o dia 10 de julho, mas como o técnico Mourinho disse que é capaz de aproveitá-lo no Internazionale de Milão, ele pediu para descansar antes de viajar.


A saída de Adriano do São Paulo deixa muitos pontos para pensarmos:

1. O poder que um clube brasileiro estruturado, com um departamento médico competente e um excelente centro de reabilitação pode causar perante o futebol mundial. Adriano passou por um período conturbado na Europa e voltou para o Brasil com o objetivo de voltar a ser uma estrela mundial, porém seu clube só aceitou ele retornar para seu país se fosse para um clube que tivesse condições de oferecer tudo isso.

Conclusão: São Paulo foi o escolhido.

2. Muitos comentaram o preço que o São Paulo iria pagar por trazer um jogador com problemas de disciplina para o atual bi-campeão brasileiro. Logo em sua estréia, o atacante fez dois gols, lotou os estádios por onde passou e chegou ao fim de sua passagem com 17 gols marcados, sendo o artilheiro do time. No acordo feito com a equipe italiana, o São Paulo pagaria a menor parte de seu salário, algo em torno de R$ 160 mil. O atacante bateu recorde de vendas de camisas entre o período de 23 de dezembro, quando foi anunciado no clube, e 31 de maio, com a incrível marca de 44 mil camisas número 10, desbancando o maior ídolo do clube, Rogério Ceni, que chegou a vender 26 mil camisas neste ano.

Conclusão: com os 10% de royalties que o São Paulo arrecada por cada camisa vendida, o clube ganhou R$ 704 mil. Ou seja, grande parte dos salários foram pagos com a venda de camisas, sendo que a comemorativa (com o algarismo romano) nem começou a vender.

3. A pesquisa que foi recentemente divulgada pelo Datafolha, feita com crianças em todo país, revela que o São Paulo pode ultrapassar o Corinthians nos próximos anos e se tornar o segundo clube com maior torcida. Dentre as 852 crianças pesquisadas, o clube carioca obteve a preferência de 23%, enquanto o tricolor ficou com 11%, à frente do Corinthians, terceiro colocado que teve 10%. Isso revela que a estrutura criada pelo São Paulo, organizada e profissional, juntamente com as ações de marketing que vêm sendo tomadas estão trazendo resultados. A contratação de Adriano, muito mais do que um simples negócio, faz parte de uma ação pensada pela diretoria. Hoje em dia é comum ver crianças jogando futebol e comemorando o gol como o Imperador.

Conclusão: O planejamento a longo prazo passa por cima de disputas políticas e tem como objetivo o melhor para o clube. Isto parece óbvio, mas no futebol é novidade.

Contudo, a passagem do furacão Adriano pelo futebol brasileiro movimentou muito mais do que as arquibancadas do Morumbi e o campeonato paulista. O craque conseguiu seu objetivo pessoal de voltar à seleção brasileira, e nós tivemos o privilégio de ver um atleta deste nível desfilando pelos nossos gramados.

A única coisa que continua do mesmo jeito após sua passagem foi a sala de troféus. Mas só...


3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente ponto!

Ontem, no Mesa Redonda, o Flávio Prado ficou batendo na tecla de que o Adriano que deveria ter homenageado o São Paulo, que pra ele foi ótimo, pro clube não, etc. Só por causa da falta de título.

O Marco Aurélio Cunha foi direto: pro São Paulo, foi ótimo.

E argumentou mais ou menos assim:
A imprensa internacional falou muito do SPFC nos últimos meses. O time é visto internacionalmente como time sério, capaz e bem-estruturado. Com quem você acha que os clubes priorizarão negociações? Quem gosta de time quebrado é empresário atravessador.

Faltou o título? Faltou... Mas foi perdido em campo, em dois jogos onde o Adriano foi destaque por sua vontade e seus esforço.
____

Isso sem nem levantar esses números...

abs!

Bruno disse...

Roberto, concordo com o Marco Aurélio.
Muitas pessoas não conseguem enxergar tudo isso que ele disse, mas o São Paulo está certo quando faz esse tipo de contratação.
Hoje em dia quando clubes e jogadores vão negociar, todos pensam no São Paulo como grande oportunidade de aparecer, crescer e trabalhar de forma profissional. Isto está ocorrendo também com o Palmeiras, desde que o Luxemburgo voltou. Jogadores sabem que trabalhando com o técnico irão se valorizar.
O Adriano fez um bom trabalho, foi o destaque no primeiro semestre e como em toda relação há uma troca. Desta vez, foi bom para ambas as partes.

Anônimo disse...

Muito bom o trabalho de vocês, os textos, as matérias.

Para enriquecê-lo, traria, apenas, uma formatação mais ousada, mais moderna!

Abraço,

Thiago