21 de abril de 2009

O amargo fim do Osasco Finasa

Após mais um vice-campeonato na Super Liga Feminina de Vôlei, o time do Osasco Finasa recebeu uma notícia bombástica: o fim do time profissional.

O projeto do Finasa (Bradesco) com o esporte já tem 20 anos, e 16 destes com o vôlei. Os resultados são impressionantes, com 10 finais na Super Liga e três títulos conquistados.

O anúncio foi feito após o final do torneio e pegou todos de surpresa. O time profissional é recheado de estrelas, com quatro campeãs olímpicas e uma comissão técnica de dar inveja. O técnico Luizomar, que também é técnico do time de base da seleção brasileira, em entrevista nesta terça-feira no programa Arena SporTv lamentou muito o final e disse que situação para todos da equipe é preocupante, uma vez que não será fácil realocar todos estes profissionais.

Luizomar também disse que a decisão do patrocinador (Bradesco) é com base em "mudança de estratégia": "A diretoria comunicou que estava mudando o foco de atuação no vôlei, uma mudança de estratégia. O Osasco continua com os projetos sociais e com as categorias de base, mas eles acham que já contribuíram muito para o vôlei adulto profissional."

O Bradesco continuará investindo nas categorias de base e em projetos sociais, mas este ano realmente não irá investir no time profissional. O ex-técnico fez questão de agradecer e ressaltar o brilhante trabalho do Bradesco pelo vôlei e por cada um dos membros da equipe, mas torce para outros times ou outro patrocinador chegar rápido para acabar com este desespero.

A partir de agora muitas coisas podem acontecer. O vôlei é o principal esporte olímpico do Brasil, o cartão de visita do COB. Sendo assim, tanto a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), quanto o Comitê Olímpico Brasileiro poderão usar a força que têm para trazerem novos patrocinadores para a Super Liga.

Não sei ao certo o valor para manter uma equipe durante uma temporada, mas com certeza as cifras são bem menores do que vemos no futebol. Acredito que é uma excelente oportunidade para empresas investirem no esporte, aproveitando que o time está "pronto" e assim dar início a um projeto esportivo de altíssimo nível.

Comentamos ontem sobre o brilhante trabalho da Unilever com o Rexona AdeS no time do Rio de Janeiro. É de se enaltecer também o brilhante trabalho do Finasa, com uma excelente estrutura e que trouxe excelentes resultados. Estas empresas podem ser um excelente benchmark para outras que querem investir.

O vôlei é um esporte sério, vitorioso e que está crescendo muito. As finais do torneio foram transmitidas em TV aberta, pela Rede Globo, o campeonato todo é transmitido pela SporTv, e a modalidade está cada vez mais popular. Para o bem do vôlei, dos profissionais que estavam nesta equipe e do esporte brasileiro como um todo, pedimos a atenção de empresas para esta situação.

Como muitas pessoas falam, crise é tempo de oportunidade. Esta é uma ótima oportunidade para empresas investirem, e os resultados da Uniliver, Bradesco, entre outras, estão aí para comprovar tudo isso...

* Confira aqui o post sobre o mesmo assunto no Entrelace, por @Vanessa Ruiz

Um comentário:

Dida disse...

Brunão, vou replicar o meu comentário no blog da Vanessa, pois acho que vcs foram muito felizes em seus posts:

Também assisti o Arena SporTV e concordo com os pontos colocados por vc.
Eu só acho, no entanto, que todos nós, de blogueiros a mídia esportiva, de times à empresas, deveríamos repensar um pouco a forma como as coisas são feitas. Tem aquela formulinha básica que diz que sucesso é igual a expectativa sobre resultado, ou seja, enquanto os patrocinadores estiverem presos a esse sistema de patrocínio e exposicão na mídia de massa, o esporte nacional continuará a ter exemplos como este. Sei que são realidades diferentes, mas sempre gosto de usar as ligas americanas como exemplo, porque lá os patrocinadores não "ganham" exposição nos uniformes, até mesmo por uma questão cultural. Isso mostra uma certa independência com relação aos patrocinadores, pelo menos no que diz respeito à exposição em mídia. Apesar de não ter acesso aos números, gostaria de saber o que eles estão considerando para o tal "retorno financeiro". Não acompanho o Finasa de perto, mas sei que o trabalho deles em todos esses anos foi muito consistente, mas do ponto de vista de mkt, utilizando o time como plataforma para alavancar seu negócio, não acredito que muito tenha sido feito por parte do patrocinador tampouco...