19 de agosto de 2008

Ainda tentando achar uma resposta...

O Patrice levantou uma bola interessante no post onde comparei os choros de Cielo e Diego Hypólito e, por isso, quis comentar sobre o assunto.

Pra quem não viu, o atleta panamenho Irving Saladino conquistou na segunda-feira a medalha de ouro no salto em distância com a marca de 8,34 metros. Detalhe: Saladino está há 4 anos treinando no Brasil com Nélio Moura, o mesmo treinador da equipe de saltos do Brasil.

O Panamá só havia conquistado duas medalhas na história dos Jogos. Bronzes de Lloyd LaBeach nos 100 m e 200 m, na Olimpíada de Londres 1948. Só com esta informação já dá para se ter uma idéia do valor desta medalha para o Panamá.

Será que, assim como Cielo e Hypólito, Saladino seria também fruto de um esforço e talento individual, já que nasceu em um país sem nenhuma tradição em Jogos Olímpicos?

Talvez.

Assim como Cielo foi buscar algo melhor, indo treinar nos EUA, vir para o Brasil foi a melhor alternativa, ou pelo menos a mais acessível, para o panamenho.

O grande ponto aqui é que, ao contrário de Saladino, nós não conquistamos medalhas. E, ao que tudo indica, as condições de Saladino e do restante da equipe brasileira eram as mesmas; inclusive o centro de treinamento de São Paulo é referência mundial.

Mas por que a medalha não vem? O que será que está faltando, já que temos uma estrutura considerada referência? Será que falta um apoio melhor para cada um dos atletas?

Até onde sei, Saladino veio ao país apenas para treinar... mas e nossos atletas, qual será a realidade de deles? Tenho certeza que cada um tem uma história de vida diferente e que o dia a dia não deve ser nada fácil. Infelizmente, a maioria deles não depende do esporte para sobreviver...

E isso me leva para outro ponto também levantado pelo Patrice e que talvez seja uma alternativa para alguns esportes no nosso país.

A ginástica olímpica brasileira, apesar de ser um esporte mais custoso e complexo, conta com uma infra estrutura que foi fundamental para o desenvolvimento do esporte no país. Além de contar com uma grande equipe técnica, que conta, por exemplo, com o ucraniano Oleg Ostapenko, a seleção tem o seu próprio centro de treinamento em Curitiba, para que os atletas se preparem melhor para representar o Brasil.

Apesar de um centro não ser suficiente para um país como o Brasil, ele prova que tem potencial. Se o esporte não consegue ter tanta visibilidade no nível de clubes e federações, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) consegue ter um ponto central para o desenvolvimento de suas melhores atletas e, consequentemente, da seleção brasileira.

Não é à toa que a ginástica brasileira vem melhorando seus resultados a cada competição. *

Esse formato é amplamente utilizado em potências esportivas como EUA, China e Cuba. E é por isso que cada vez mais, eu entendo que o Brasil deveria pautar o esporte tendo este modelo como base.

O Brasil não sabe identificar talentos e biotipos específicos para cada um dos esportes, não possui CTs focados nas seleções de cada uma das modalidades, não investe em estrutura para que seus atletas tenham condições de se dedicar 100% ao esporte, não aplica referências de outros países etc. Enfim, o esporte no país está imobilizado e não parece aparecer alguém que vá dar um jeito nisso...

Enquanto isso, alguns continuam achando demais o Brasil receber as Olimpíadas de 2016.

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* Infelizmente, tudo indica que a CBG irá dissolver a seleção brasileira, e as atletas, que ficavam no CT em Curitiba, devem voltar aos seus clubes. Será que todo o trabalho realizado nos últimos anos vai ser jogado literalmente no lixo?

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