23 de janeiro de 2009

Trio olímpico do Brasil pode deixar o Flamengo

Segundo notícia veiculada hoje na Folha de São Paulo, o Flamengo não deve renovar com seus atletas olímpicos, com exceção dos praticantes de remo, por determinação do estatuto, e dos jogadores de basquete, cuja equipe tem patrocínio próprio. A decisão, portanto, afeta os ginastas Diego e Daniele Hypólito e Jade Barbosa.

Segundo Márcio Braga, presidente do clube, a decisão foi tomada por falta de recursos no orçamento de 2009. Ainda segundo o presidente, não é possível manter todos os esportes do clube somente com os recursos do futebol.

Por enquanto os três continuam treinando no Flamengo normalmente até que sejam informados da decisão final, já que nenhum deles foi contatado oficialmente pelo clube. Alguns afirmam que isso possa ser uma manobra de Márcio Braga para 'forçar' a chegada de um patrocinador, enquanto outros afirmam que a situação de Diego, Daniele e Jade no clube é realmente perigosa.

São questões como essa que também dizem respeito ao marketing esportivo. Levemos isso para o contexto do departamento de marketing de uma empresa. É básico - e talvez a maior parte dos leitores saiba como funciona. A unidade de negócios tem seu portfólio de produtos, mas um em específico não é rentável o suficiente para a empresa e não consegue se sustentar sozinho.

O que é feito a partir daí? Tentam viabilizar a produção, rentabilizá-lo, diminuir as perdas na tal planilha de perdas e lucros para que o produto continue disponível no PDV. E não pensem que isso acontece apenas com produtos ruins, pelo contrário. Às vezes o mercado simplesmente não está maduro o suficiente para receber aquele produto e aí acaba sendo descontinuado.

Por um motivo ou por outro, o fato é que alguns dos três atletas mais importantes da nossa ginástica olímpica podem se ver sem apoio muito em breve, e isso, na minha opinião, porque o nosso 'mercado esportivo' não está preparado para o desenvolvimento/promoção de determinados atletas e suas respectivas modalidades.

O Flamengo tem problemas como a maior parte dos clubes, mas a culpa não é só deles. A (re)estruturação que tanto falamos não deve acontecer somente no nível dos clubes e federações, caso contrário vamos continuar vendo casos como este acontecerem.

Está mais do que na hora de literalmente repensarmos o esporte no país para que isto pare de acontecer. Governo Federal, iniciativa privada, clubes, federações e o COB, todos juntos. Pensem em quantos talentos não estamos desperdiçando devido a situações como essa.

Para atletas de alto nível, como é o caso deles, é impensável eles pararem de treinar simplesmente porque não há verba disponível para a manutenção de seus contratos. Precisamos sair urgente deste sistema moldado há anos e partir para novas formas de exploração do esporte.

Explico: o esporte no Brasil ainda continua sendo pensado no nível dos clubes. Será que é a melhor alternativa? Será que alguns deles não deveriam deixar de buscar viabilidade através dos clubes e procurar treinar e desenvolver os atletas sob outro sistema? Centros de treinamentos ligados diretamente às federações e confederações - sem a necessidade da existência de algumas modalidades nos clubes - podem estar num formato que o Brasil não explora tão bem como os EUA.

As possibilidades são diversas e estão disponíveis. Resta querermos pensar sobre o assunto, caso contrário continuaremos sendo um país que continua se enganando com bons resultados em competições regionais e se decepcionando em competições de nível mundial.

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