16 de outubro de 2008

Garotinhos-propagada

Falar sobre as estrelas que as marcas esportivas patrocinam é fácil. Um simples olhar para os pés dos grandes jogadores e pronto, já conseguimos saber quem assinou contrato antes.

Porém, o que vem chamando atenção de algumas pessoas são os jovens talentos. Jovens mesmo, garotos de apenas 12, 13 anos já estão sendo assediados pelas marcas e assinando contrato. Mas para falar sobre isso, vamos voltar um pouco no tempo...

Há pouco tempo atrás, os garotos que jogavam, chegavam nos clubes e usavam o material esportivo que ali estava disponível, quando não tinham a própria chuteira. Os que tinham, compravam as chuteiras que os ídolos usavam ou até mesmo as que estavam na moda. Lembro-me de um relato do Robinho, que chegava aos treinos do Santos F. C. quando ainda era da categoria de base e pedia a chuteira dos jogadores profissionais.

Não faz muito tempo, mas a realidade mudou. Falando ainda do Santos F. C., temos o exemplo do Jean, um garoto de 13 anos que já tem contrato assinado com a Umbro. E não pensem que foi só a marca que ofereceu, pois a Nike e a Adidas também tentaram. O garoto além de receber todo guarda-roupa da Umbro, recebe uma ajuda de custo de R$3.000,00. E não fica por aí...a chuteira que ele é usada, é a mesma que o craque Deco utiliza, e foi feita especialmente para o garoto.

A mesma situação ocorre com muitos outros jovens talentos por aí, que recebem materiais esportivos e dinheiro para utilizarem as marcas.

Fiquei pensando nos dois lados desta situação:

1) As marcas apostam em garotos que são estrelas do time, que provavelmente são espelhos de outros garotos e já condicionam o jovem com o profissionalismo que existe para utilizarem um calçado. São contratos no escuro, já que aquelas crianças nem sabem se serão atletas profissionais ainda, mas de certa forma trazem resultados a longo prazo para marca.

2) As empresas não conquistam jovens consumidores e jovens atletas, mas adquirem. Onde está aquele desejo dos garotos em terem uma chuteira de determinada marca? As marcas poderiam criar ações para inserir seus nomes e produtos na vida desses jovens atletas oferecendo outras coisas, criando um elo mais afetivo do que comercial e assim influenciar a carreira (e vida) com uma ligação muito mais forte do que do o valor investido.

O que será que vale mais? Um contrato com um atleta que é promessa ou uma ação para ajudar o futuro de muitas crianças, que irão ou não virar jogadores? As vezes é possível empurrar a carreira de crianças dando oportunidade (esporte, educação etc) e assim realmente fazer a marca importante para aqueles diamantes brutos.

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