17 de novembro de 2008

E quem paga é o torcedor. De novo...

O São Paulo Futebol Clube divulgou que terá o Setor Visa em seu estádio, o Morumbi, com capacidade para 20 mil pessoas. Até aí, nenhuma grande novidade. Afinal, o Setor Visa já é uma realidade em estádios como o Palestra Itália, do Palmeiras; Orlando Scarpelli, do Figueirense; Vila Belmiro, do Santos; e Engenhão, do Botofogo.

O acordo tem duração de três anos com possibilidade de renovação, o que é muito provável que aconteça com o Brasil sediando a Copa do Mundo de 2014.

Conforme matéria do Meio & Mensagem, "o torcedor se cadastra no site Futebol Card, escolhe qual jogo da temporada quer assistir, seleciona o setor e o lugar de sua preferência, utiliza o cartão de crédito Visa para o pagamento e confirma seus dados na webpage.", ou seja, 100% de comodidade para alguns milhares de torcedores.

O que mais me chamou a atenção desta vez, porém, foi a declaração de Rubén Osta, diretor-geral da Visa no Brasil, que destaca que o maior objetivo do setor é garantir comodidade e segurança aos torcedores - até aí, tudo bem; o problema vem a seguir. Segundo ele, "a nossa área VIP elimina a atuação de cambistas e facilita a vida de nossos clientes/torcedores".

Será que o que Rúben Osta chama de maior objetivo não seria o mínimo para 100% dos torcedores? Não estou dizendo que a iniciativa não tem o seu valor, pelo contrário. Ela procura fidelizar os torcedores e alavancar a imagem da marca Visa.

Mas meu ponto é que o sistema de vendas de ingressos no futebol brasileiro entrou em colapso, e isso não é exclusividade de nenhum clube brasileiro, ele assola todos os times do nosso futebol. Claro que alguns mais, outros menos, mas, no geral, todos são atingidos. E quem paga é o torcedor, literalmente. Não é raro vermos notícias de filas gigantescas nas bilheterias dos estádios, empurra-empurra e muita gente perdendo horário de trabalho na tentativa de comprar um par de ingressos.

Agora, a Visa encontrou em um problema do nosso futebol uma maneira de fidelizar torcedores e conseguir oferecer um serviço diferenciado. A grande questão é: será que vamos continuar delegando algo que deveria ser inerente ao sistema?

Nenhum comentário: