14 de outubro de 2009

#Rio2016. O job tá na mão. E agora?

Depois da euforia generalizada pela conquista do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016, é hora de fazer uma análise sobre a escolha do COI. E, para isso, resolvemos analisar a escolha da Cidade Maravilhosa dentro de três contextos diferentes.

ESPORTE | BRASIL | RIO DE JANEIRO

ESPORTE
Desde o início de nossa candidatura me mostrei contrário à realização dos Jogos no país. Sempre acreditei que a Olimpíada tinha a função de premiar países que tivessem uma política de esportes adequada e bem sucedida. E quando digo bem sucedida, não quero dizer necessariamente uma potência olímpica em termos de posição no quadro de medalhas. É claro que isso também conta, mas se este fosse o único motivo, pouquíssimos países teriam a chance de sediar uma Olimpíada. Afinal, grosseiramente falando, parece que a Lei de Pareto também se aplica ao quadro de medalhas dos Jogos

Até hoje somos considerados o país do futebol. E não há nada de errado com isso, mas o problema é ser "só" isso. Felizmente algumas poucas exceções como o vôlei (masculino e feminino) começaram a mudar um pouco este cenário, mas ainda é pouco.

Quantas vezes não postamos sobre problemas que diversas modalidades e atletas passam no país? Isso para falar só deste blog.

Falta investimento, locais estruturados para treinar e competir e por aí vai - a lista é extensa.

Neste sentido, devo continuar afirmando que ainda sou contrário à realização dos Jogos no Rio. Se pegarmos os últimos países onde a Olimpíada foi realizada, veremos que, com algumas poucas ressalvas, todas eles veem no esporte um fator importante na formação de atleta e, talvez mais importante, de seus cidadãos.

Mas falar apenas sobre projeto esportivo do país pode dar uma visão míope sobre o todo. E é aqui que eu entro na análise utilizando outras duas lentes...

BRASIL
As Olimpíadas ganharam proporções muito maiores. E, por isso, na minha opinião, não dá pra falar de uma conquista como essa considerando apenas o fator esporte.

O Brasil hoje é uma economia forte (quem diria, já estamos saindo da recessão), politicamente estável, que tem em Lula uma figura forte e respeitado mundialmente - não podemos nos esquecer que ele é considerado "o cara" por ninguém menos que Barack Obama - e que apesar de não estar crescendo nos níveis de China e Índia, o país vem fincando de forma assertiva seus pés no cenário político e econômico internacional. E hoje a Olimpíada também vem para coroar tudo isso. Que outro país sulamericano poderia sediar os Jogos atualmente?

O evento hoje é uma grande vitrine capaz de posicionar um país para o mundo. Tanto isto é verdade que, apesar de ter promovido os maiores Jogos da história, Pequim saiu com alguns arranhões em sua imagem devido a questões como a violação de direitos humanos, censura e muita poluição. Mesmo assim, isso não foi suficiente para destruir o que realmente ficou, ou seja, a grandiosidade do país, a mobilização e a melhora do projeto esportivo - que veio antes até da Olimpíada.

RIO DE JANEIRO
A tal Cidade Maravilhosa está com sua imagem completamente desfigurada. A cidade que já foi capital do país, pólo cultural nacional, terra do samba, da bossa nova, do bondinho e do belo Cristo Redentor, hoje é vista como a cidade sitiada, tomada pela violência urbana, pela sujeira e pela corrupção.

Será que o Rio não merecia esta chance de se reerguer?

Alguém já procurou saber mais a respeito sobre a obra de revitalização na zona portuária da cidade? Quem conhece um pouco além de Leblon e Copacabana sabe do que eu estou falando. Uma região totalmente degradada e que há anos tem propostas e mais propostas que não saíam do papel, pelo menos até então.



Talvez esta seja a chance de ver um projeto importantíssimo para a cidade ganhar vida.

Não vou entrar em todos os pontos, mas o fato é que há uma série de planos para a cidade carioca que agora vão ganhar ainda mais atenção dos órgãos públicos. Também não podemos nos esquecer da iniciativa privada que deve investir pesado na cidade até o ano da realização dos Jogos.

Talvez esta última lente também pudesse se chamar Brasil, já que, ao contrário do que muitos dizem, os recursos não vão apenas para o Rio, o Brasil como um todo deve crescer. Para se ter uma ideia, segundo o banco britânico Barclays, a Olimpíada junto com a Copa do Mundo podem aumentas as exportações do país em até 30%. E, mais, os Jogos devem gerar até 2027 mais de dois milhões de empregos, ou seja, um legado que vai muito além do evento em si.

Quem leu este texto até aqui pode estar pensando que tenho uma visão muito otimista com relação às Olimpíadas de 2016. E na verdade tenho mesmo, mas isso não quer dizer que não devemos tomar cuidado ou que já está tudo pronto ou encaminhado, pelo contrário.

O trabalho já começou, e o relógio já está marcando.

Não adianta torcer contra agora que já levamos, mas também não vai adiantar nada ter conquistado essa grande oportunidade de se posicionar para o mundo se não fizermos a nossa lição de casa direitinho.

É hora de fiscalizar , se informar e cobrar das autoridades para que possamos realizar um evento do tamanho que o Brasil, o Rio de Janeiro e o povo brasileiro merecem. Problemas durante a preparação acontecerão aqui e em qualquer lugar do mundo, mas isso não é justificativa para privar uma nação de sediar os Jogos Olímpicos.

O nosso foco deve ser ser garantir a transformação desta chance em realidade e legado para o país.

Que os Jogos sejam tão bacanas como nosso vídeo de apresentação. ;)



PS: Peço desculpas em meu nome e do Bruno pela baixa frequência de posts, mas em breve voltaremos ao ritmo normal.

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