19 de outubro de 2009

Futebol | Um produto brasileiro?

Depois de ler o ótimo post do Bruno “Mundial Sub-20 Meninos com pompa de gente grande”, comecei a conversar um pouco mais com ele sobre uma outra visão que tive a partir do texto. Trocamos algumas idéias e resolvemos escrever outro post abrindo ainda mais a questão.

Na verdade, mais bizarro do que os “meninos de 19 anos dando entrevistas com discursos manjados de jogadores, se vestindo com ouro dos pés as cabeças e lotados de assessores de tudo que é tipo” é o fato destas atitudes não terem absolutamente nada a ver com aquilo que posicionou o nosso futebol no país e no mundo. Nada contra a globalização do produto futebol – afinal este era o curso natural das coisas -, mas a verdade é que cada vez mais ele toma as feições do futebol europeu, e isso vale para dentro e fora dos gramados, para jogadores e técnicos, para assessores e dirigentes.

O que é que jogadores de futebol se vestindo como rappers americanos, atletas da NBA, celebridades do cinema ou como Cristiano Ronaldo tem a ver com a essência do nosso futebol? Na nossa opinião, nada.

De novo, pode ser um movimento natural, uma vez que o futebol está se globalizando? É claro que sim, mas nós achamos que pode ser um pouco diferente. Por que o futebol brasileiro, tão característico, tem que seguir este padrão?

Talvez por isso que muitos jornalistas e comentaristas do futebol se empolguem tanto com algumas seleções africanas. Eles estão trazendo uma cara que, se não é nova, pelo menos é diferente do que temos visto, mesmo que isso seja principalmente dentro do campo.

Falamos tanto de jogadores que vão para o exterior, perdem a identidade com o público e acabam sendo esquecidos pela torcida e comissão técnica da seleção (uns até estão voltando por causa disso), mas a verdade é que antes mesmo de saírem do Brasil, a maioria destes jogadores já está muito parecida no jeito de se portar e de se vestir. Talvez seja um pouco distante falar em resgate dos valores do nosso futebol, no entanto isto poderia dar uma refrescada em tudo o que temos visto no mundo dos gramados...

Sentimos falta do boleiro, do tradicional jogador de futebol brasileiro.

Não precisamos ir muito longe para lembrar destes personagens, basta olhar para Romário, Edmundo, Adriano...Zico, Junior etc. Eram jogadores que carregavam um pouco do futebol das ruas do país dentro e fora dos gramados. No estilo de jogar, de dar entrevistas e na forma como viviam e se portavam sem o uniforme dos clubes. Eram mais mortais e principalmente brasileiros.

Exportamos nossos talentos para o mundo todo, somos os melhores na modalidade com referencias e ídolos e ainda sim existem crianças que reverenciam os jogadores estrangeiros. A situação tende a piorar enquanto nossos garotos assistirem Champions League durante as tardes e tentarem acompanhar o Campeonato Brasileiro com inicio as 22h00. Parece pouca coisa, mas os campeonatos europeus estarão cada vez mais na pauta nos colégios, condomínios, e nas rodas de conversas de nossos adolescentes e com isso os valores do nosso futebol ficarão cada vez mais de lado.

Não inventamos o futebol, mas o reinventamos. Tornamos um produto cultural e econômico de valor e estamos vendo ele se tornar cada vez mais internacional, sem nossas raízes.

E vocês, o que acham disso tudo? E o que acham que deveríamos fazer para não deixar o futebol perder a nossa essência?

Postado por Dida e Bruno

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